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artigo sobre suor excessivo axilar

Suando muito? A Verdade Sobre Esse Cheiro

Por Liesa Goins

Claro, é muito satisfatório torcer o top de academia depois de uma aula de SoulCycle. Mas, fora na prática de exercícios, estar suado é mais um incômodo que um sinal de sucesso. Então, conversamos com pessoas da área para descobrir o que realmente está acontecendo e o que fazer a respeito. A seguir, fatos surpreendentes, informações e soluções para a transpiração. Escola do suor está agora em sessão!

Illustrated By Sydney Hass.

O problema do suor excessivo axilar nas relações sociais

Antes da água e banheiros dentro de casa tornarem-se comuns, nós não preocupávamos muito com o fedor nos nossos vizinhos. Mas, por volta de 1800 passamos a entender mais sobre germes e doenças e o banho regular tornou-se um ritual diário. Em 1888, o Mum (primeiro desodorante da história) foi patenteado. O primeiro antitranspirante, Everdry, foi lançado em seguida, em 1903, mesmo assim, nenhum deles virou tendência. A maioria das pessoas usava escudos de tecido em suas roupas para absorver o suor, ou esperavam que perfume mascararia qualquer odor.

Tudo isso mudou no verão de 1912, quando de acordo com o Smithsonian, Edna Murphey montou um estande em uma exposição para vender seu antitranspirante, Odorono, um spray que seu pai cirurgião criou para manter as mãos secas enquanto realizava operações. Apesar de alguns testes iniciais, ela estava vendendo um produto que a maioria das pessoas não queria, pois fluidos e funções corporais eram e ainda são um tabu. Então, Murphey contratou uma agência de publicidade que resolveu o problema das vendas, ao convencer os consumidores em potencial que a transpiração é uma coisa constrangedora. Com a capanha criada, foi pregado que as mulheres estariam desavisadamente ofendendo potenciais pretendentes com seu odor corporal, gerando interesse em estocarem o produto.


Psicologicamente falando...

O suor é vital para o funcionamento do organismo, uma temperatura corporal muito alta pode mandar nossos órgãos em uma espécie de função “hibernar”, explica Susan Biehle-Hulette, PhD, uma bioquímica no Procter & Gamble (criadores do Secret e Old Spice). “Suar é o método primário do corpo para a termoregulação,” afirma.

Quando sentimos muito calor, ansiedade ou dor, o sistema nervoso simpático (parte do cérebro responsável pela resposta “lutar ou fugir”) lança um neurotransmissor chamado acetilcolina, que estimula os nervos que controlam as 2 milhões (até 4 milhões) de glândulas sudoríparas, as instruindo a produzir suor.

O corpo tem diferentes tipos de glândulas de suor, sendo mais comuns as glândulas écrinas e apócrinas. “O suor écrinico cobre a maioria do corpo e é estimulado por atividade ou temperatura,” afirma David Pariser, MD, professor de dermatologia na Eastern Virginia Medical School em Norfolk, Virginia. Conforme o suor evapora, a pele se resfria para manter a temperatura ideal do corpo, o que realmente parece preferível a ofegar como um cachorro.

As glândulas apócrinas, tipicamente encontradas nas palmas das mãos, pés e axilas, são tipicamente ativadas quando você está emocionalmente estressado (lembre-se do suor durante uma apresentação estressante no trabalho). Esse tipo de suor ocorre independentemente da temperatura e é uma característica evolutiva para ajudar a escapar rapidamente de situações estressantes de perigo causadas por predadores dos nossos ancestrais. Enquanto as glândulas apócrinas estão ativas nas palmas das mãos e pés de bebês, elas não aparecem nas axilas ou na região púbica até o início da puberdade, levando-nos a acreditar que elas também desempenham papel semelhante ao feromônio na atração sexual. Um terceiro tipo de glândula de suor, as apócrinas, possuem características de ambos os tipos citados anteriormente.


Nem nos fale sobre isso...

O suor poderia não ser tão ruim se não fosse o odor, certo? Bem, não culpe o suor pelo cheiro ruim. “O suor em si não cheira mal,” Biehle-Hulette explica. O odor na verdade vem de bioprodutos de bactérias que alimentam-se de componentes do seu suor.

“O suor aguado vem das glândulas écrinas e é incolor e inodor,” afirma Dr. Pariser. Esse não é o suor que você precisa se preocupar com seu odor corporal pessoal. Apesar de haver menos glândulas apócrinas que as écrinas, são essas as responsáveis pelo cheiro desagradável quando suamos. “O suor apócrino é oleoso devido a sua composição,” afirma Dr. Pariser. “Essas glândulas são encontradas nas axilas, sob os seios e na área das virilhas.”

O suor écrino tem como composto majoritário a água, logo, não há “alimento” suficiente para bactérias. Porém, o suor apócrino contém 20% de lipídios e proteínas, de acordo com Biehle-Hulette, tornando as áreas por onde esse tipo de suor é excretado o lugar perfeito para a proliferação de micróbios. Há diversos tipos de bactérias que atuam diferentes moléculas para constituir uma ampla gama de subprodutos, cada um com um cheiro característico diferente. Por exemplo, membros da Staphylococcus genus (comumente referida como “bactéria Staph”) gostam de alimentarem-se de glycylcysteinyl-S-conjugate (molécula componente do suor). O bioproduto gerado por essa reação é o 3-sulfanylhexan-1-ol, um composto sulfúrico que dá ao suor o cheiro semelhante ao da cebola.

Mas eis a real injustiça: algumas pessoas não possuem os genes necessários para produzir odor corporal. Cientistas descobriram que pessoas que não possuem o gene ABCC11 não produzem um químico importante que leva as bactérias a se alimentarem dos componentes do suor. Ou seja, as bactérias causadoras do cheioro não conseguem gerar os compostos odoríficos.


Soluções para o suor

Há dois tipos de produtos nos corredores de beleza: desodorantes, que servem para cobrir o odor do corpo, e os antitranspirantes que previnem o suor bloqueando a liberação do líquido. Os sais de alumínio são o ingrediente ativo mais comum, de acordo com Ni’Kita Wilson, CEO da Catalyst Cosmetic Development. “Os íons de alumínio penetram nas glândulas sudoríparas e ligam-se com à água, criando uma espécie de bloqueio que previne o suor.”

Porém, você provavelmente já ouviu sobre os riscos potenciais para a saúde deste ingrediente. Enquanto o National Cancer Institute “não está ciente de nenhuma evidência conclusiva que ligue o uso de antitranspirantes ou desodorantes ao desenvolvimento subsequente de câncer de mama”, afirma que os estudos têm apontado resultados conflituosos, necessitando pesquisas adicionais para conclusões precisas.

Para melhores resultados, é necessário levar em consideração o tempo e a consistência de uma solução para o problema. “Os antitranspirantes com textura cremosa funcionam melhor que aerosol, roll-on, sólido ou em gel”, afirma DeeAnna Glaser, MD, presidente do International Hyperhidrosis Society e vice-presidente do departamento de dermatologia da St. Louis University. “A textura semi-sólida torna mais fácil de carregar os sais de alumínio até os dutos de suor”, ela explica. E para que os antitranspirantes funcionem de maneira eficaz, precisam ser absorvidos pelos dutos de suor, devido às alterações de temperatura do corpo, o melhor horário para aplicar o produto, de acordo com a Dra. Glaser, é antes de dormir.

Algumas opções naturais foram ganhando popularidade, como o uso de amido ou talco para absorver a umidade. Mas se os produtos de farmácia não resolverem o problema, converse com seu médico, pois você pode sofrer de uma condição médica chamada hiperidrose , responsável por causar suor excessivo no couro cabeludo, axilas, mãos e pés. Antitranspirantes são muito recomendados, e se a situação for severa o bastante, seu médico pode recomendar o uso de aplicação de Botox para prevenir o suor. “O Botox previne que o nervo que controla as glândulas envie o sinal para a produção de suor”, Dra. Glaser explica. As injeções duram de seis a nove meses e podem custar de $1,000 até $2,000 por visita.

Outra opção é o tratamento com MiraDry, que utiliza energia eletromagnética para eliminar as glândulas de suor. “Funciona encontrando a água nas glândulas e as aquecendo até que sejam destruídas”, explica a Dra. Glaser. Enquanto o procedimento é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) e tem demonstrado resultados positivos em estudos clínicos, os efeitos a longo prazo do relativamente novo tratamento não foram determinados.

Moral da história? Todo mundo faz cocô; todo mundo sua. É um pouco nojento, mas com toda a ciência e soluções por aí, não há razões para suar a camisa por coisas pequenas.

Fonte: www.refinery29.com